domingo, 26 de dezembro de 2010

Autumn Tree in the Wind...


Não é particularmente bonito. 
Não tem cores vivas. 
Não tem um traço fino e cuidado. 
Mas é intenso e estranhamente profundo.

Quem me conhece sabe que adoro o Outono. Tal como a primavera, o Outono tem um encanto diferente, uma luminosidade que me inspira, um brilho que me alumia o ser. Apesar de termos colocado os primeiros passos no Inverno, temperaturas quase  negativas e muita chuva e trovoada que nos fazem desejar a hibernação, ainda estou Outonal. Sim, estou. 

Recordo a viagem à austríaca Viena e a visita ao Leopold Museum no elegante Museumsquartier. Recordo Klimt, Kokoschka e Schiele. Recordo esses instantes. Os prazeres, as palavras,  os sorrisos e o encontro com o aguardado ‘Autumn tree in the wind’. Já o conhecia mas, meus amigos, ao vivo é soberbo! 
Os tons de Outono pincelados num óleo que nos cicatriza a tela e a alma, numa profunda reflexão onde a viagem a nós próprios está garantida… 
O céu funde-se nos troncos, nas pernadas despidas do mundo exterior, onde apenas o nosso Eu parece prevalecer. Rugas do tempo parecem surgir dos tons cinza. No silêncio podemos ouvir o zumbido desse vento, a chuva que deseja chegar, a tempestade que tudo fará para que no horizonte possa cortar e rasgar. 
Engraçado, momentos Nossos numa centenária tela de um prematuro findo Egon Schiele.

Introspecção positiva necessita-se. Não apenas por aqui, mas também por aí e ali. 
Uma estação que nos pede para nos ouvirmos e colocar numa folha ou num pano cru, num palco ou num milhão de bits, uma sentida parte de nós. Chamemos-lhes inspiração, dádiva, criação ou reencarnação, não interessa a palavra mas sim o podermos partilhar esse nosso Saber estar. 
Intenso o seu olhar. E julguei ver escrito em rabiscos no cinzento céu:

‘Procuram-se emoções. 
Bons sentimentos, boas sensações, bons corações. 
Procuram-se boas emoções.’ 

Coloquei essa foto Outonal à minha frente e pedi ao Sam para tocar uma música que me pudesse inspirar… 
Arvo Pärt e o seu De Profundis, entretanto no piano, começaram a tocar…

;) Ferdos ;)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Maria Helena Vieira da Silva.

Nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1908...
...
Uma das mais importantes pintoras europeias
da segunda metade do século XX.




Filha do embaixador Marcos Vieira da Silva, ficou órfã de pai aos três anos, tendo sido educada pela mãe em casa do avô materno, director do jornal O Século.
Tendo mostrado interesse, desde muito pequena, pela pintura e pela música começou a estudar pintura, a partir de 1919, com Emília Santos Braga e  Armando Lucena. Em 1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de Lisboa.
Em 1928 vai viver para Paris, acompanhada pela Mãe, indo visitar a Itália. No regresso começa a frequentar as aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.
...
"Era a única criança, numa casa muito grande, onde me perdia, onde havia muita coisa, muitos livros ... não tinha amiguinhas, não ia à escola...."
...
Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier e Friez, participando numa exposição noSalon de Paris. Conhece o pintor húngaro Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a Hungria e a Transilvânia.
Em 1935 António Pedro organiza a primeira exposição da pintora em Portugal, e que a faz estar em Portugal por um breve período, até Outubro de 1936, após o qual voltará para Paris, onde participará activamente  na associação «Amis du Monde», criada por vários artistas parisienses devido ao desenvolvimento da extrema direita na Europa.


Regressará em 1939, devido à guerra, já que para o seu marido, judeu húngaro, a proximidade dos nazis o incomoda, naturalmente. Ficará em Portugal por pouco tempo, pois o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo casado pela igreja. Não deixa de participar num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, mas cuja encomenda será retirada.
O casal de pintores decide-se a ir para o Brasil, até porque as notícias sobre uma possível invasão de Portugal pelo exército alemão não são de molde a os sossegar.
...
"Procuro pintar algo dos espaços, dos ritmos, dos movimentos das coisas."
...
Em Brasil serão recebidos de braços abertos, recebendo passaportes diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das Nações, tendo mesmo recebido uma proposta de naturalização do governo.
Residirão no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e ensinando, regressando Vieira da Silva primeiro que o marido, retido pelos seus compromissos académicos.
É a época em que Vieira da Silva começa a ser reconhecida. O estado francês compra-lhe La Partie d'échecs, um dos seus quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças de teatro. 

Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e no ano seguinte o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris.

Em 1956, foi-lhe dada a naturalidade francesa.

...
"Às vezes, pelo caminho da arte, experimento súbitas, mas fugazes iluminações e então sinto por momentos uma confiança total, que está além da razão. Algumas pessoas entendidas que estudaram essas questões dizem-me que a mística explica tudo. Então é preciso dizer que não sou suficientemente mística. E continuo a acreditar que só a morte me dará a explicação que não consigo encontrar."
...
...morreu em Paris em 6 de Março de 1992.

Fonte: A Arte em Portugal no Século XX 
FerdoS

domingo, 28 de novembro de 2010

Friendship (still/always) in progress...


What really is a true friendship?
...
Reach out a hand...
Trust...
Deliver fear...
Having a new brother...
Feel the soul...
Forgiving failure...
Being who I am...
Release the dream...
Believe in you...
Accept differences...
Learn another song...
Explode in a smile...


Friendship (still/always) in progress...
FSerrano 2010

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Arte Povera também por aqui...


Arte Povera, significa Arte Pobre e foi um movimento artístico italiano que se desenvolveu na segunda metade da década de 60. Este grupo de jovens artistas italianos, sitiados em Turim, Milão, Génova e Roma, usava materiais de pintura não convencionais, como por exemplo a areia, madeira, sacos, jornais, cordas, terra e trapos, com o intuito de empobrecer a pintura e eliminar quaisquer barreiras entre a arte e o dia-a-dia das pessoas. Esta corrente surje num momento em que os artistas se voltam para a natureza ou derivados, rompendo com os processos industriais, mostrando o empobrecimento de uma sociedade guiada pelo acumular de riquezas materiais. 
Os principais artistas desse movimento foram Michelangelo Pistoletto, Jannis Kounellis, Giovanni Anselmo, Giuseppe Penone, Giulio Paolini e Luciano Fabro. 
Um importante papel foi também desenvolvido pelo crítico de arte italiano Germano Celant, que inventou o termo Arte Povera em 1967 e tentou, incessantemente, encontrar-lhe uma definição. 
Os artistas da Arte Povera tiveram o mérito de desafiar os padrões da arte vigente, ocupando o espaço com seu transcendental e intemporal nível de realidade, criando uma interacção entre a obra e o seu espectador. 
E, não nos 60s mas desde os 80s, Arte Povera também por aqui.
FerdoS

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Kush...Um Surrealismo Contemporâneo.


Vladimir Kush nasceu em Moscovo em 1965. Começou a sua carreira artística aos três anos quando, sentado ao colo do pai, Oleg – matemático com tendência artísticas -, o ajudava a terminar os seus desenhos. Oleg apercebeu-se do talento do filho e encorajou-o desde o início. Ao mesmo tempo, e à medida que o rapaz crescia, ia-lhe dando a ler livros de Júlio Verne, Jack London e Herman Melville para lhe proporcionar uma forma de viajar para além dos subúrbios cinzentos onde viviam.


Vladimir Kush cresceu e identificou-se com o movimento do realismo metafórico.
Experimentou vários estilos do impressionismo depois de ver a obra completa de Salvador Dalí nos anos 80. Tornou-se então um pintor surrealista e escultor em rápida ascensão.


Em plena guerra fria foi convidado para pintar uma série de retratos para a embaixada norte-americana, levantando suspeitas de envolvimento com o ocidente. Em 1990 atinge um enorme sucesso numa exposição em Los Angeles, começando então a sua odisseia americana. O sonho de vaguear pelos grandes espaços abertos levam-no a viver no umbigo do mundo, a ilha de Maui no Havai, pois toda a sua vida e inspiração estão intimamente ligadas ao mar.


Recordemos as suas palavras:
'As pinturas realistas mostram os limites de cada artista e ensinam ao visionário que cada um tem em si que as metáforas das imagens impossíveis exploram as camadas do sentimento.'

E, nas minhas, direi... É EXCELENTE!

Ferdos

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Filantrópica




Exposição de Artes Plásticas da autoria de 

Isac Romero e Fernando Serrano. 

Patente ao público de 16 a 30 de Setembro de 2010 

n'A Filantrópica - Póvoa de Varzim. 

Visite-nos...

Fine Arts exhibition by 

Isaac Romero and Fernando Serrano. 

Open to the public from 16 to 30 September 2010 

in A Filantrópica - Póvoa de Varzim - Portugal.

Welcome...


(Foto by Luís Moreira)


FerdoS

domingo, 8 de agosto de 2010

Em cada Átomo de mim...

As Artes têm destas coisas. Sentimentos e sensações. Sentir é a palavra certa. Na poesia, na música, no teatro, no pintar, em tantas e tantas formas de Criar. Em casa, no palco ou ao ar livre, todos tem o mesmo objectivo…Tocar-nos! Felicidade ou tristeza, dançar ou introspectivo no seu lugar. Em monólogo ou aberto diálogo, real ou surreal… 
Atingiremos O Dia em que todos poderemos criar, em que substituiremos destruir por instruir, em que rir ou chorar será sempre uma das formas puras de amar. 
Hoje recordo aqui um daqueles momentos especiais. Especial para o artista em mim, especial para esse ser que habita aqui. As Artes têm destas coisas. Já dei telas e já as vendi. Já recebi elogios e agridoces comentários, ora cobertos por geleia, ora embebidos em fel. Já vi entrega no adorar e desprezo no apreciar. Sim, já vi. Mas a alegria deste riquíssimo viver tem os tais instantes em que sentimos o poder do Ser Supremo, podendo dar-lhe o nome que se quiser. 
Num passado recente ao expor um dos meus trabalhos a outros olhos que não os meus eis que Ele estava ali! Teria O Dia chegado?!... 
O olhar fixava a tela e, sem palavras, o saco lacrimal começara a jorrar! Primeiro chuva de Outono e depois rio transbordante de pleno Inverno. Fiquei imóvel e silencioso por eternos segundos. O coração hesitava entre parar de bater ou simplesmente correr. Ao seu redor os aromas eram primaveris e a luz que cintilava era de Verão. 
Existiria alguém que o sentiria como eu?!... 
Acalmei o meu ser e no meio de um tímido sorriso também o rio salgado correu em mim… Pura magia na nobre arte que se cria com alma e dedicação. Que elogio sentido em cada Átomo de mim! E digo-vos, a vida é bela sim!
                                                     FerdoS

(Foto by FSerrano: parcela de uma tela ainda incompleta e sem nome)


segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Casa de Rembrandt...


No meio de moinhos que não cheguei a percorrer e entre tulipas multicolores 
que cheguei a trazer, um dos sentires andava no ar. 
Cores e mais cores coloriam o meu ser nesta Amstellerdam de encantar. 
Percorriam-se os canais, as ruas antigas e pouco iluminadas. Aromas. 
O frio antes de nevar gelava. 
Procurava sabores e longe estava eu de imaginar 
que uma das melhores refeições estaria algures no bairro chinês. 
Assim aconteceu num inesperado prazer. Divino paladar!


Esta breve introdução em cores, aromas e sabores, 
apenas nos serviu para aguçar os sentidos na deliciosa arte de bem descobrir. 
Procurar e Encontrar. Sonhos e Felicidade. Presença e Saudade. Eternizar.
E ali ao lado, num belo momento partilhado...
A Casa de Rembrandt ,ou Rembrandthuis em neerlandês, é um desses casos.
Como seria?... Como É?... Como foi?... Respondo 'Será sempre!'
Entremos então...


Entramos e logo nos deparamos com uma paragem no tempo.
Remodelado sim, mas tudo está lá. As telas, os pincéis e as cores. 
Rascunhos e esculturas, compassos e réguas. 
Ponta-seca, buril e água-forte. 
Algumas provas de estado, provas do artista...
'A prensa de madeira, sem Gutenberg!' - E sai-me um sorriso. 


As suas gravuras exigem uma certa proximidade, provocando-nos um diálogo surdo em nós, 
pois Rembrandt van Rijn continua por ali... e também Pieter Lastman andará por lá.
Continuemos a visita, não deixemos os anfitriões esperar.
E, na grande Alma do Mundo que nos transcende a matéria, Caravaggio gostaria.

FerdoS

domingo, 18 de julho de 2010

Camille et Rodin...

"Miss Claudel has become a master." 
"She has the talent of a man." 
"She's a witch." 

These few ardent words evocative of the eroticism of The Eternal Idol perfectly convey the passion that united the two sculptors. 
...
E nessa noite Nova eis o que me surgiu quando procurei os seus nomes.


Aparece o convite para ver o filme que nunca vi. 
O destino alinhavado tem destas coisas e como se num passo de uma qualquer alquimia por revelar eis que me surge mais uma frase com aquele toque especial : 

“My very dearest down on both knees before your beautiful body which I embrace.” 
( Letter from Rodin to Camille Claudel - 1884/85)


Uma história de encontro, de desencontros. De amor eterno ou de amores efémeros. De identificação de almas, como um envolvente tango, de entregues corações numa morada à muito perdida, como um triste fado. 
De sorrisos e lágrimas. De loucura e paixão. 
De entrega e devoção, na arte e na relação criada entre aluna e professor, entre discípulo e mestre, entre homem e mulher, nesse mesmo reconhecimento. 
Não irei descrever o que li, o que vi, ou mesmo o que senti, pois o melhor mesmo é pegar num Camille Claudel e num final de noite ao luar deixar o Grande Sentir Entrar! 
Tristemente lindo! 


E no final surge-me novamente a mesma questão... 
Define Amor?! 

FerdoS

segunda-feira, 14 de junho de 2010

'Os Quatro Elementos' num instante de Criação...

Envoltos na estranha brisa cada vez mais familiar, 
assim se fundiam os quatro elementos nos sentidos em nós entranhados...


O Ar oferecia os sonhos.
Senhor soberano da magia lunar, terno e doce no ' Sabes?!...
Sim amor, sabemos! '. Viajemos por ele então.
O fiel companheiro que nos transporta sempre nas asas do acreditar.
Sem ele, que seria do nosso delicioso flutuar?!…
...
A Água ofertava a força, o crer e poder!
Rainha do renascer, do renovar, vital o seu abençoar.
Estado puro e livre de um querer chegar.
Mar e rio, chuva e sorriso a rasgar, como é belo sentir o seu tocar!
Elemento Essencial nesta maresia de poesia, passeada à beira-mar.
Por eternos instantes sorrimos…


Seguia-se o Fogo… Ahh!… O Fogo! Deus calor. 
Luz, vida e cor, condimentos essenciais neste estranho lugar.
Ardente amor o seu saber prestado. Especiarias das Índias o seu paladar.
Aromas do mais divino jardim o seu inalar. Os cinco sentidos na sua suprema criação.
Como o sol, amor e paixão a sua adoração.
...
E por fim, a Terra. Equilíbrio e solidez nessa fusão nuclear.
Tal como os três anteriormente falados, imprescindível.
Por vezes subestimada, apressada no seu rodar, questionado o seu amar!
Mas, Ela é a do amor incondicional, eterno e intemporal.
Graciosa e serenamente paciente assim nos transporta por todo o sentir a equilibrar.
Completas-me… Eis a Mãe!


Branco Pérola, Azul Ultramar, Vermelho Escarlate e Verde Natural.
Envoltos n’Este Estranho Lugar,
assim se fundiam os quatro pigmentos no sentir em nós adorado...

in 'Os Quatro Elementos' by FerdoS

terça-feira, 25 de maio de 2010

Define Moshe Shagal...


Moshe Shagal criou o seu próprio mundo, colorido de mitos e magia, cheio de estranhas criaturas e eventos miraculosos... Ainda assim, os seus trabalhos foram essencialmente baseados em memórias e experiências reais, que ele transmutou no caldeirão da sua imaginação. 
O Fauvismo e o Surrealismo, em particular, influenciaram as cores profundas do seu estilo, mas à arte popular russa foi buscar a fantasia e a simplicidade dos temas. 
Um homem quase inteiramente absorvido pelo seu trabalho e vida familiar, destinado a confrontar-se com as mais variadas culturas, a atravessar guerras e revoluções e a passar por fugas e também o exílio. 


Nasceu a 7 de Julho de 1887 no seio de uma família pobre em Pestkovatik, uma vila na província ocidental da Rússia czarista e que pertence agora à independente Bielorrússia. Poucos anos depois, os Shagal mudaram-se para uma cidade próxima, Vitebsk, e que se tornaria um dos principais marcos nos quadros de Moshe, o mais velho de nove filhos, nome mais tarde transformado para o francês como Marc Chagall. Cresceu na atmosfera fechada de uma comunidade judia da Europa Oriental que ainda era sujeita a perseguições. Inevitavelmente, o facto de Chagall ser judeu tornou-se uma das principais ameaças à sua vida e arte.


Muda-se para São Petersburgo, onde irá estudar, e após vários anos começa a ganhar reputação quando um patrocinador generoso, Max Vinaver, fornece-lhe os recursos para que se possa estabelecer em Paris, na época a indiscutível capital da arte do mundo ocidental.
Com Picasso, Braque e outros , Chagall explora técnicas modernistas, o Cubismo e as suas ramificações estavam a revolucionar as artes visuais , mas nunca abandonando a sua tónica pessoal. 
A Cidade Luz tornou-se a "Segunda Vitebsk" de Chagall. Em 1914, quando estava em visita à Rússia, rebentou a Primeira Guerra Mundial, e ele não pôde voltar a Paris. No ano seguinte casa-se com Bella Rosenfeld, a sua noiva desde 1909, celebrando o seu amor em uma série notável de obras que continuou a pintar mesmo após a morte da sua musa, trinta anos depois.


Regressa a Paris e em 1923 recebe do famoso comerciante francês Ambroise Vollard a encomenda de ilustrar uma clássica novela russa, Almas Mortas de Gogol. Ilustra posteriormente as Fábulas de La Fontaine e a Bíblia... Anos dourados se seguiram. Naturaliza-se francês e pouco depois inicia-se a Segunda Grande Guerra, mas Chagall demora a perceber o perigo de sua posição como judeu e como um artista condenado pelos nazis como "degenerado". Foi mesmo preso em abril de 1941, mas libertado graças à intervenção norte-americana, e apressadamente partiu para o exílio uma segunda vez, passando os anos da guerra nos Estados Unidos. Súbita morte de Bella, em 1944.  Volta a França em 1948, estabelecendo-se definitivamente no sul. Embora tenha viajado muito, os dias de fuga e exílio haviam acabado.
O resto da longa vida de Chagall foi devotado a uma criatividade imensurável. Morreu com 97 anos, em 29 de março de 1985 em Saint-Paul-de-Vance, na Riviera Francesa.


Recordemos Moshe assim:
'Chagall criou um mundo sem densidade nem peso físico, sobrenatural, com base em elementos líricos como ramos de flores, pares de namorados, violinos e artistas de circo flutuando através do espaço e do tempo.'

(Deux de ces peintures sont les photos prises par ma Pocket Girl, dans le Pompidou)

FerdoS